No filme é de fácil percepção o quanto a cultura dos povos africanos é diferente da qual é encontrada nas sociedades ditas mais avançadas. Isso é explicitado no momento em que mostra-se a separação dos indivíduos que vivem a 60 km ao sul no qual possuem hábitos totalmente dessemelhantes aos do nativos africanos.Vale ressaltar, que para obter essa cosmovisão de sociedades distintas é necessário em primeiro lugar saber o que cada sociedade faz para serem consideradas como diferentes uma da outra.Para isso, é possível através de certas nuanças que ambos possuem , caracterizando-se indubitavelmente do modo como elas organizam-se para agir em prol das necessidades que lhe advém ,a forma de interagir com a comunidade que lhe é própria, e a concepção e comportamento de cada um referente a tradições, crenças ou valores políticos e culturais .A título de exemplo,os nativos africanos acreditavam que o trovão era meramente o ronco dos deuses significando que a barriga está vazia e querem comer.Se, se compararmos com a outra sociedade, que é mostrada no filme, percebe-se que essa visão fica defasada ,e passa –se como uma mitologia,algo surreal de perceber o que ocorre ao seu redor.Pois,na verdade esse meio social,que é dito civilizado tem concepções diferentes perante os fenômenos naturais.E assim,os indivíduos pertencentes a esse mesmo convívio diriam que o trovão é justificado meramente pela ciência e que é
um fenômeno sonoro gerado pelo movimento de cargas sonoras na atmosfera.
Percebe-se no filme Os deuses devem estar loucos uma certa ideologia que se mantêm na sociedade ocidental perante os outros povos que adquirem certas habilidades por meio do seu próprio ambiente cultural. Cada sociedade detém a sua forma de obter conhecimento através das experiências vivenciadas ao longo do tempo e dos relacionamentos interpessoais. Acontece que a cosmovisão da sociedade ocidental perante os nativos africanos é que eles, por serem considerados primitivos, são desconhecedores do pensar, e que não tiveram uma evolução em rumo ao progresso. O conhecimento pode-se ser adquirido de diversas maneiras como, por exemplo, empírico, filosófico, teológico e científico. No caso dos nativos africanos o método que eles utilizam, mesmo que indiretamente para obter o conhecimento é através do empirismo.
No enredo do filme os deuses devem estar loucos é perceptível certas maneiras em que os povos nativos africanos adotam diante de fenômenos que subestimam a inteligência e sabedoria deles próprios. Primeiramente, é de fundamental explanar como viviam esses povos e como pode ser tão paradoxal a relação do progresso e da tecnologia no meio em que viviam.No que se refere a tecnologia,os povos nativos africanos aderem a esse em diversos momentos,Vale ressaltar que se prepondera nos povos etnocêntricos uma visão defasada de que “povos arcaicos não possuem tecnologia e tão pouco o progresso.Vindo de encontro com essa ideologia,percebe-se que esses povos nativos africanos não têm de forma alguma inferioridade perante os ditos civilizados,visto que só pode medir um equipamento tecnológico pela sua capacidade de satisfazerem num determinado meio as necessidades da sociedade.No caso dos africanos,eles tem suas técnicas de sobreviverem em meio a tanta escassez de recursos.A título de exemplo,eles colhiam as gotas do orvalho das folhas dispostas na noite anterior e que serviam de reservatório de água ,visto que o lugar(Kalahari) tinha escassez desse líquido considerado essencial para a vida humana.Além disso,mesmo não possuindo um aparato tecnológico faziam coma serpente bolsas..Já em relação ao progresso,esses povos nativos africanos também o tinha no momento em que mesmo não tendo leis,chefes,nessa sociedade não existia violência;criavam jogos inteligente e inventivos;não castigavam severamente as crianças;pediam desculpas as presas quando caçavam.Isso sim é progresso.E não um discurso hegemônico que relaciona progresso apenas com o avanço e a sofisticação de maquinarias,independente dos efeitos que possa ter a tudo que nos cerca (outrem,animais,natureza),etc.Em síntese ,ter um grande aparato tecnológico não é sinônimo de progresso.E mesmo assim esses povos nativos africanos no sentido denotativo da palavra tem tanto o progresso como tecnologia.
Durante toda a passagem do filme os deuses devem estar loucas percebe-se o quanto uma simples garrafa de coca-cola provoca ao nativos africanos sensações nas quais eles nunca tiveram antes.Visto que esse objeto,que na verdade eles sabiam que era objeto,mas sim somente “uma coisa “ estranha que foi mandado pelos deuses e que estava causando polêmicas na comunidade em que viviam.A produção empírica do conhecimento origina-se basicamente a partir desse momento em que a garrafa cai sobre esses indivíduos e eles fazem com esse objeto diversos mecanismos que os ajudaram a facilitar certas atividades diárias,sem necessariamente saber que a garrafa é meramente um recipiente com um gargalo , mais estreito que o corpo, com a finalidade de reter líquidos. Esses povos adquiriram um conhecimento não universal (algo incomum as outras civilizações),no momento em que utilizam por exemplo, a garrafa para servir como instrumento para trabalhar pele de cobra,fazer música e trabalhar o com tamanho certo e o peso exato.Sendo assim,essas ações praticadas por esses nativos africanos denota o quanto se aproximam do método empírico do conhecimento,pois esses fazem uso da garrafa a partir de impressões sensoriais,ou seja tiveram uma fonte de conhecimento humana através da experiência adquirida em função do meio físico mediada pelos sentidos.
A animação aprender a aprender têm o seu início como a parte fundamental para o entendimento do que ocorrerá durante as passagens seguintes. Primeiramente, o cenário é observado de maneira bem simplória, uma casa pequena aonde há dois personagens, uma criança de mais ou menos 10 anos e um animal semelhante a um dragão. A história começa com a menina varrendo a casa e ela desvia seu olhar do chão, aonde estava limpando e dirige-se para o animal.Percebe-se a partir daí a curiosidade da menina em relação ao que o dragão estava fazendo.e assim analisa os detalhes,a forma e o cuidado em que ele estava modelando o barro e assim,construindo uma porcelana em diversos formatos.A importância do método inicia-se nesse exato momento em que o ogro vai ao encontro da menina e através do seu método,da sua maneira de fazer o determinado artefato,ele tenta ensiná-la.Como tudo que é novo para o indivíduo ele não atinge a completa perfeição,com a criança não iria ser diferente essa teoria.Ela aos poucos vai se aperfeiçoando com as técnicas que o ogro a ensina e no final ela adquire o que tanto queria,modelar de forma “exata” uma porcelana.Percebe-se que as várias tentativas que a criança persistiu durante todo o percurso de chegar ao ápice da modelação de um artefato demonstra explicitamente que o conhecimento não é algo inerente ao ser humano ,mas sim devido a um longo processo de experiências que o cerca.Sendo assim a animação termina com a idéia de que a criança que era desconhecedora do conhecimento referente a forma de fazer o objeto,torna-se conhecedora,adquire o saber .
Do ponto de vista semântico, a palavra "método" pode significar: "caminho para chegar a um fim; caminho pelo qual se atinge um objetivo; programa que regula previamente uma série de operações que se devem realizar, apontando erros evitáveis, em vista de um resultado determinado; processo ou técnica de ensino: método direto; modo de proceder; maneira de agir; meio" (FERREIRA, 1986:1128).
Em síntese, o método é de fundamental importância para a produção do conhecimento, no caso da animação o do aprender e o do ensinar interpenetrando-se principalmente com o lado sensorial e da experimentação.
Na verdade, existiu basicamente um dilema que foi o ápice dos conflitos em Relação a Darwin e a sua demarcação científica da sua teoria. Esse grande estudioso causou polêmicas na sociedade vigente na época justamente porque ele vai de encontro com os principais dogmas que a religião adotava nessa época.Percebe-se de forma notória em diversas passagens do filme a indiferença de Darwin perante a maioria das coisas vinculantes a Deus.A título de exemplo,quando ele senta-se a mesa e não faz a oração do dia ,em contraponto a sua mulher (Emma Darwin ) que era bastante religiosa que tinha como esse ato um momento de devoção a Deus. Charles Darwin tinha como tese a questão da criação das espécies, entretanto as suas concepções põem em dúvida a fé, a incerteza de que Deus foi quem criou todas as espécies em uma semana.O segundo dilema que pôde ser notado no filme foi em relação a uma outra idéia que esse teórico tinha perante a questão da adaptação de espécies,no caso os humanos de viverem no local em consonância com os costumes,clima,etc.Ou seja,o comportamento humano como de outras formas físicas,evolui de acordo com as suas necessidades.E,então,ao longo do tempo,perdem aquelas partes que não eram mais necessárias.A prova disso, Darwin conta em um determinado momento do filme a história dos povos Fuegianos que através de um processo de troca e levaram de forma compulsória crianças ao seu meio cultural e assim,ensinou métodos de “civilização” para esses.No entanto,dois anos depois,ao voltarem para seu lugar de origem,esses indivíduos que foram ensinados bons costumes(cosmovisão ocidental) ,como comer na mesa,rezar em momentos certos,no momento em que encontraram com os seus entes próximos,esqueceram,desviaram-se de tudo o que havia sido ensinado e voltaram a ser aquelas mesmas crianças de quando Darwin mais o seu companheiro viajante havia pego a dois anos atrás.Essa experiência desse teórico serviu também como instrumento de comprovação de que as leis de Deus,a idéia de ensinar essas crianças a venerar a Deus a todo momento é algo refutável.e que também a questão de adaptar-se aos fatores físicos,culturais também não necessariamente ocorre de maneira espontânea .
A passagem do filme Criação que mais denota a questão das contradições da ciência e da religião é no momento em que os amigos (Joseph e Thomas de Darwin) vão á sua casa e discute com ele a questão da publicação do seu livro a origem das espécies.A visão dos defensores da teoria de Charles Darwin era de que a ciência não poderia ser considerada como profissão e que tirá-la dos grandes dogmáticos seria fundante para eliminar essa idéia.Ainda apontando os pontos distintos da ciência perante a religião é através da evidência da transformação durante milhões de anos de camarão mudando de forma espontânea a um marisco grudado em rocha.Com esse argumento mostra-se que o que é verdade para o marisco é verdade para todas as criaturas,até mesmo aos humanos.E,sendo assim é preciso confrontar com a religião,pois o todo –poderoso não pode proclamar ter sido autor de todas as espécies no período de uma semana,No filme percebe-se o quanto a ciência é vista numa relação de guerra com a religião.Mas,vale ressaltar Acontece que Darwin tinha a noção de que a sociedade da sua época vivia em face da igreja,um órgão que para ele é improvável,incerto,mas que pelo menos era tido como o verdadeiro.
Feito por Luciene Costa